Sob a
liderança de Raimundo Luis, o povo yawanawá viu o barracão ser
substituído pelo shuhu, o patrão pelo cacique, o seringal
pela terra demarcada. Hoje, a memória do velho vive na Terra
Indígena Rio Gregório: aqueles que lhe chamavam epa, txata, kuka e
txai se encontram para assistir às gravações dos seus shenipahu
preferidos - as narrativas míticas do povo - imortalizados pela iniciativa da sua filha Maria Julia
Kenemẽni, pesquisadora do PRODOCLIN Yawanawá.
Uma histórica
cúpula de anciões e lideranças se reuniu na aldeia Mutum: as
lideranças Mariazinha e Biraci, os pajés Tatá e Yawarani, velho
Pereira e velho Pedro, os filhos de Tuĩ Kuru, Antônio Luis,
Hushahu, Putani, Geraldina e Maria Julia, o irmão Jorge Luis, a
esposa Maria.
Sentados à beira de um igapó, lembraram momentos
compartilhados com o velho, contaram anedotas e riram de antigas
histórias.
"Quando
ele fala no vídeo, ele está vivo." Isso quem falou foi a Runĩ,
sentada no meu colo durante a exibição de uma das narrativas
gravadas pela equipe do PRODOCLIN. Ela, que tem cinco aninhos, foi a
penúltima filha do velho Tuĩ Kuru.
Encerramos a oficina com um dia de festa: Um café da manhã com exibição de histórias gravadas e uma apresentação de todos os desenhos produzidos.
À noite, a comunidade realizou uma
grande rodada de uni e mariri, cantando as canções tradicionais
ensinadas pelo velho.
Livia Camargo
linguista, coordenadora do PRODOCLIN Yawanawá